O mundo passa por constantes mudanças de forma avassaladora, e, de repente, o que foi ontem já não é mais hoje e pode nem ser a mesma coisa amanhã. Quase tudo acontece na velocidade da luz, assim, se quisermos adaptarmo-nos à tantas mudanças em tão pouco tempo, nossas estratégias para o amanhã devem ser focadas na imprevisibilidade, da ideia de que vivemos com a realidade da impermanência. Precisamos, ainda, descontruir a velha máxima de que ‘em time que está ganhando não se mexe’. Com tudo acontecendo tão rápido e ao mesmo tempo, é preciso desapegar-se de velhos conceitos e ficar atento às exigências que o mundo contemporâneo nos impõe diariamente. É inegável que toda mudança, ainda que positiva, vem acompanhada de sentimentos como insegurança, medo do desconhecido, angústia e uma forte resistência em aceitar o novo. E como não há espaço para a resistência, só nos resta trabalhar a nossa capacidade de se adaptar e de estar aberto ao novo, mas sem sofrimento.
Pois bem, se a mudança é inevitável que ela nos sirva de aprendizado, no mínimo. E às vezes o senso dessa urgência nos pega completamente desprevenidos, esse é o meu caso. Desde minha época de atriz de teatro, a adaptação se fazia corriqueira na criação dos personagens que encenava. Certa vez, faltando apenas 26 dias da estreia de um espetáculo, o diretor me ligou dizendo que tinha duas notícias: “uma boa e outra bem ruim”. Ansiosa, que sempre fui, pedi logo a ruim. Me disse então que a outra atriz do espetáculo havia abandonado a peça, por exigência do marido. Já a boa, disse ele em tom de alegria, era que eu representaria ambas as personagens. Oi? Isso mesmo? Em tão pouco tempo teria que “incorporar” uma nova personagem tão complexa, desafiadora e tão antagônica a outra? O espetáculo “È” do Millôr Fernandes era uma tragicomédia, e, àquela altura me via envolvida na maior tragédia dramática da minha vida. Desistir nunca esteve nos meus planos, foi uma imersão profunda e extremamente transformadora. Mergulhei na construção da personagem com o grande desafio de não descaracterizar a outra, e mais, descobri um espaço em mim para ser duas e ainda encontrar o tom de comédia da segunda personagem. Minha adaptação foi densa, exigente, mas valeu muito a pena. Pois, aquela experiência foi um grande ensaio para as muitas outras “personagens” que viria a interpretar na vida: mãe, esposa, profissional, empresária, investidora e tantas outras que ainda posso vir a representar.
No ambiente corporativo, então, há que se ter uma disposição sem tamanho para reinventar-se, sem perder de vista a essência daquilo que acreditamos. Passados tantos anos, hoje vivo outra angústia – ou talvez a mesma -, se assim posso dizer. Há mais de 25 anos no mercado da comunicação, saber lidar com o tempo – ou melhor, com a falta dele, com prazos tão exíguos e as constantes transformações é quase imperativo a necessidade de estar no ritmo de toda e qualquer mudança. Portanto, dizer que nada é estático está longe de ser um exagero. Aliás, nem é o caso de ficar parado no tempo, para não correr o risco de ser engolido pelo próprio mercado. Além do fator tempo, o que dizer então das novas tecnologias? Num piscar de olhos surgem versões com muito mais recursos, aplicativos para os mais diversos públicos e ferramentas cada vez mais tecnológicas. Se é apenas uma impressão? Não, é a constatação do quão rápido todo esse aparato tecnológico torna-se obsoleto. O que não é ruim, a comunicação nos impõe um ritmo demasiadamente acelerado, tudo é muito frenético e tudo é pra ontem (rs). E acredite, eu gosto disso, gosto de encarar os desafios diários e aqueles que, por vezes, nos pegam no meio do caminho, ‘sem mais nem menos’.
Pode parecer loucura, mas em meio a esse turbilhão de sensações, dessa correria para cumprir prazos, da falta de tempo e da desconstrução do fazer diário, não suportaria se fosse diferente. Por mais surreal que possa parecer, é tudo isso – e mais um pouco – que motiva o meu trabalho; estimula a minha capacidade criativa, a buscar soluções para o inesperado e a superar os desafios. Não posso deixar que o medo do desconhecido me paralise. Prefiro ver o lado bom, que mudar faz bem e é necessário. Mas que seja leve, sem sobressaltos. Viveremos melhor os tempos atuais, quando passarmos a entender e tirar proveito de nossas ideias e de nossas potencialidades de transformação. E se ‘água mole em pedra dura tanto bate até que fura’, volto a repetir: o mundo mudou e continua a mudar a todo instante, assim como mudaram as estratégias e os processos de produção em todas as áreas do conhecimento. Não dá pra ficar reclamando disso ou daquilo. Mudar faz bem, acredite nisso.
Por último, deixo aqui um pouco do pensamento de Charles Darwin, o criador da teoria da evolução das espécies: “as espécies que sobrevivem não são as mais fortes, nem as mais inteligentes, e sim aquelas que se adaptam melhor às mudanças”. Sair da zona de conforto sempre será difícil e desafiador. Mas, abra-se para o novo e adapte-se ao que vier. E que venham as mudanças!
Luana Caldeira
Diretora de Estratégia e Inspiração
Luana Caldeira é mineira, CEO e diretora de estratégia e inspiração na 2 Pontos Comunicação desde 2000, CMO na Nextin Inteligência Digital e CMO na empresa Marketing de Autoridade. Também realiza consultoria de marketing estratégico, não importa o tamanho do mercado, porque o propósito sempre é o mesmo: resultados impressionantes para a marca.
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